O Novo Testamento menciona os feitos vergonhosos de alguns personagens infames que semearam discórdia, contaram mentiras e em geral deram mau exemplo.
1) Simão, o Mago - Atos 8:9-25
Simão, o mago, sabia que a nova fé que ele testemunhava era poderosa - mais poderosa do que qualquer outra que ele já conhecera. Ele foi também um dos primeiros a reconhecer que esse poder poderia fazê-lo rico. Antes de entrar na igreja, Simão fora feiticeiro. Seus truques não só embasbacavam as pessoas, mas também faziam que os mais ingênuos levassem a mão ao bolso, dando polpudas contribuições. Simão sentiu inveja dos dons de cura sobrenaturais de Pedro, e assim ofereceu-lhe dinheiro para aprender a conceder às pessoas a plenitude do Espírito Santo pela imposição das mãos. Pedro repreendeu-o severamente. Temeroso, Simão arrependeu-se da ganância e implorou o perdão. Mas será que havia acontecido uma genuína transformação interior? Não sabemos ao certo. Ao menos podemos dizer com certeza que a história de Simão rendeu uma palavra à língua portuguesa: simonia, que é a prática deplorável de comprar e vender um benefício da igreja.
Que atitude infeliz, não é verdade? Muitas pessoas ainda hoje fazem da casa de Deus uma casa de comércio. Se aparecesse um outro Simão, o mago, fazendo essa mesma oferta nos dias de hoje, seria possível que alguns pastores, ao contrário da reação de Pedro, aceitassem aquele dinheiro? Às vezes me pergunto se a liderança das igrejas evangélicas não têm se omitido demais diante de tanta falcatrua envolvendo "pastores" e crentes em geral. Resta-me o consolo de que o Senhor Jesus já nos previra sobre tudo isso (Lucas 17:1).
2) O Coríntio Carnal - II Coríntios 2:5-8
Hostilidade e indiferença são coisas que a maioria das pessoas espera dos inimigos, mas não dos amigos, vizinhos ou colegas de igreja. Infelizmente, o apóstolo Paulo experimentou toda sorte de tratamento vil por parte da igreja de Corinto. Um homem, em especial, havia dividido a assembléia com seus feitos duvidosos. Paulo não menciona seu nome nem especifica o que ele fez. Porém, não há dúvida de que o apóstolo escreveu uma carta veemente aos coríntios, encorajando-os a disciplinar o ofensor. Este texto bíblico é particularmente interessante porque podemos aprender muito com a atitude de Paulo. Ele esteve disposto a perdoar aquele coríntio carnal que tanto problema havia causado. É verdade que devemos nos guardar dessas pessoas para não termos a nossa fé corrompida, ou nossa vida cristã desgastada por sua influência perniciosa. Mas o perdão e a reconciliação são palavras ainda muito presentes quando estamos diante de um arrependimento genuinamente comprovado com obras. Não podemos permitir que a busca da santidade nos embace o amor cristão.
3) Diótrefes, o Ditador - III João 9-11
As igrejas geralmente fazem aflorar o lado mais caridoso, carinhoso e generoso das pessoas. Mas algumas pessoas são incuravelmente sedentas de poder - mesmo na casa de adoração.
Diótrefes era assim. Seu desejo pela autoridade absoluta o levou a entrar em conflito com o apóstolo João. Seu instrumento para dominar os outros era o ostracismo. Qualquer membro da sua igreja que abrigasse um missionário itinerante ou um mensageiro de João era punido com a expulsão. Diótrefes achava melhor que um missionário dormisse pelas ruas do que permitir que outra pessoa influenciasse seu rebanho. Para isolar ainda mais seus seguidores, ele espalhava rumores, intrigas maliciosas e mentiras descaradas sobre os seus adversários. João incentivava os irmãos cristãos a não se deixarem influenciar por esse "mau exemplo".
Alguns crentes hoje arrogam a si a "qualidade" de serem os donos da igreja. Talvez pensem isso porque dão o dízimo mais alto, ou porque possuem algum cargo importante na liderança local. Não importa! Essa atitude é pecaminosa. O Senhor da igreja é Jesus Cristo e mais ninguém. Nenhum irmão, ou mesmo pastor, tem o direito de dominar ditatorialmente sobre uma igreja local. O Senhor tomará contas dos que assim o fazem (II Coríntios 5:10).
Conclusão
Infelizmente os dias de hoje não são muito diferentes da época bíblica, não é mesmo? Quantas vezes não vemos na TV, revistas e jornais uma variedade de denúncias contra alguns "apóstolos", "pastores", "missionários" ou "evangélicos", que sem nenhum escrúpulo escravizam seus liderados com vara de ferro; usando os meios mais desleais e apelativos para arrancar-lhes o dinheiro com o objetivo de enriquecerem-se cada vez mais às custas do povo?! Que possamos abrir os nossos olhos para que venhamos dar mais valor aos verdadeiros servos de Deus, chamados para realmente pastorear o rebanho de Cristo; e não aos mercenários, que com muita astúcia, carisma e falsos milagres enganam o povo de Deus para fins meramente lucrativos.
Que Deus nos livre dessa gente!
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